quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

METRÓPOLE POLINUCLEADA É SOLUÇÃO PARA A MELHOR DISTRIBUIÇÃO DE EMPREGOS NA REGIÃO


Mais de 70% das oportunidades de emprego estão historicamente localizadas no centro no Rio de Janeiro. Essa é uma das conclusões da etapa de Diagnósticos e Visão de Futuro do Plano Metropolitano que mostra que, mesmo com a expansão das fronteiras entre municípios e do fortalecimento de outras centralidades, como Campo Grande, Barra da Tijuca e Niterói, a oferta de emprego continua concentrada na capital da metrópole. O resultado é, entre outros, o aumento constante nos problemas de mobilidade, com uma taxa média de deslocamentos e viagens de mais de uma hora dos municípios para a capital.
“É importante que o Plano Metropolitano mostre caminhos para fortalecer as centralidades, para a construção de uma metrópole polinucleada, e não mononucleada como tem sido ao longo dos últimos 40 anos. É necessária uma melhor distribuição do emprego e do desenvolvimento dos municípios para gerar cidades mais empoderadas, com melhor qualidade de vida”, afirma Vicente Loureiro, diretor executivo na Câmara Metropolitana do Rio de Janeiro.
População da Região Metropolitana se desloca para a capital em busca de emprego. Foto de Douglas Corrêa, retirada do site Agência Brasil
O PDUI/RMRJ está sendo desenhado com o objetivo de encontrar soluções em dois caminhos: reduzir a dependência de empregos da Região Metropolitana com a cidade do Rio de Janeiro e encontrar setores capazes de dinamizar a economia metropolitana. Uma das preocupações é diversificar as atividades econômicas existentes na Região, para reduzir os riscos de crises. Uma das causas, por exemplo, dos problemas financeiros enfrentados pelo estado do Rio de Janeiro é a forte dependência ao petróleo, cujo preço reduziu nos últimos anos, o que levou a uma queda das receitas estatais.
O Diagnóstico
O Centro do Rio de Janeiro possui mais de 500 mil postos de trabalho, contra aproximadamente 180 mil na Barra da Tijuca, segunda área com maior concentração. O bairro da zona oeste foi uma centralidade criada pela iniciativa privada, mas que já possui vida própria e uma oferta significativa de emprego para a população da capital e das cidades metropolitanas. “É curioso que quem trabalha na Barra não mora lá, e quem mora, não trabalha. Não há sistema de transporte que dê conta dessa superconcentração, o que a torna uma centralidade insustentável do ponto de vista contemporâneo. O emprego precisa mudar de CEP. Sendo assim, distribuir melhor as oportunidades é o grande objetivo que estamos perseguindo nessa tentativa de modelar a metrópole”, completa Loureiro.
Campo Grande é outro município que chama atenção pelo grande crescimento nos últimos anos. Possui uma área extensa, com uma taxa entre 75 mil e 100 mil empregos, mas muitos destes, concentrados em áreas pobres, como Santa Cruz e Itaguaí. Outras centralidades como Niterói, São Gonçalo, Caxias e Nova Iguaçu têm mostrado grande potencial para crescimento e desenvolvimento.
 Atividades produtivas relacionadas aos potenciais econômicos dos municípios
– Potencial logístico (boa localização): Belford Roxo, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Magé, Maricá, Niterói, Queimados, Rio Bonito, Rio de Janeiro e São Gonçalo.
– Potencial turístico: Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Magé, Mesquita, Niterói, Rio Bonito, Rio de Janeiro e Tanguá.
– Potencial para indústria criativa (mão de obra qualificada – média ou alta): Cachoeiras de Macacu, Nilópolis, Niterói e Rio de Janeiro.
– Potencial para indústria criativa (mão de obra de média e baixa qualificação): Niterói, Rio de Janeiro e Baixada Fluminense.
– Potencial para complexo da saúde: Belford Roxo, Duque de Caxias, Maricá, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro.
– Potencial para instalação de novas empresas: Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Nova Iguaçu, Queimados, Rio Bonito, São Gonçalo e Seropédica.
– Potencial agropecuário: Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias, Guapimirim, Japeri, Magé, Paracambi, Rio Bonito, Seropédica e Tanguá.
Os conhecimentos acerca da realidade socioeconômica dos municípios da RMRJ e sobre quais setores possuem potencial para expandir ou dinamizar a economia local são fundamentais para se chegar às melhores soluções. De acordo com o diagnóstico do PDUI, os campos que mais podem dinamizar a economia da RMRJ são o turismo (pelos grandes patrimônios naturais e culturais da região), o complexo da saúde (devido ao grande número de especialistas na área, ao potencial universitário da RMRJ e ao corredor tecnológico, projeto de forte representatividade no PDUI/RMRJ), a expansão da estrutura de logística (em função da grande costa marítima existente no local, a exploração dos portos é imprescindível) e a economia criativa. Na RMRJ, em 2015, havia 35.287 estabelecimentos relacionados à indústria criativa. A cidade do Rio de Janeiro respondeu por 75,1% destes estabelecimentos, chegando a concentrar 95% dos estúdios e produtoras de filme. Niterói é o município com a segunda maior concentração de estabelecimentos ligados á indústria criativa, com 2.295.
Como a capital tem maior número de atrativos e maior concentração de empregos, as atividades capazes de expandir a economia metropolitana se concentram no local. Mas é comum, em Regiões Metropolitanas, que a principal cidade possua maior quantidade de empregos do que as demais. No entanto, essa diferença é mais acentuada no Rio de Janeiro em função de um longo período de políticas desarticuladas com os outros municípios que integram a Região. A comparação entre a população e a oferta de emprego proporcional em diferentes metrópoles do Brasil (quadro abaixo) mostra que, em 2015, havia uma diferença de 17% entre empregos e população na capital fluminense, indicando que, no mínimo, 1,2 milhões de pessoas têm que se deslocar para o município do Rio de Janeiro para trabalhar.
Para Vicente Loureiro, é preciso uma forte política de estado para mudar essa realidade: “Não é da noite para o dia, não se tira o emprego daqui para ali. É preciso crescer para distribuir melhor essas oportunidades. Temos bons exemplos, como São Paulo e Belo Horizonte, mostrando que é possível refazer essa distribuição”, conclui.

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